- És tu a pessoa que acredita em mim?
- Sou.
- Não me falharás? Não hesitarás no último instante? Serás a minha metade lá em baixo também? Sabes que não consigo fazê-lo sem ti. - (Ele tinha a fatalidade dos que precisam da auto-extra-estima dos outros para se crerem.)
- Sou. – Ela tinha uma voz sem medo. Uma voz grisalha de amor, que confia e se entrega sem exigir.
- Fazemo-lo agora?
- Sim. Estou pronta.
E ela foi a primeira a empoleirar-se no parapeito. Puxou-o pela mão. E equilibraram-se os dois ao som do vento.
- Vamos ser mais felizes lá em baixo, não achas? Há tantos como nós lá... – a voz dele vibrava de excitação.
- Sim. Vamos?
- Sim. Bora.
Mas ela saltou sozinha. Afinal apenas o olhar dele a seguiu até lá abaixo. Mesmo assim nem no último sopro ela duvidou.