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Síndrome de Antuérpia é um livro que se propõe a resolver um
crime e a decifrar as gentes de uma povoação. Num dia de festa, Castiça,
nascida Célio, é morta de forma violenta e deixada no fundo da pedreira da
vila. Pouco depois, prendem o herdeiro de vastas terras na povoação, Justiniano
Alfarro, por este crime. E, assim, com a promessa de segredos ocultos e
realidades difíceis de acreditar, leva-nos o autor a começar o livro.

Não pude de deixar de comparar este livro a um do mesmo
autor (“Terra dos Milagres”), que se demonstrou disruptivo e de personagens
muito ricas. Infelizmente, “Síndrome de Antuérpia” ficou aquém. Ainda que a
estória de base desse um bom conto, faltou-lhe substância para encher tantas
páginas, sendo que o autor se perde inúmeras vezes em descrições demasiado
extensas e irrelevantes para o enredo principal. Relativamente às personagens,
existem poucas e muito estereotipadas, sendo as mais interessantes e invulgares,
Antuérpia, filha de Justiniano, a sua avó (mãe de Justiniano) e as irmãs
Veneno. Em geral, o autor descreve uma comunidade resignada aos seus papéis
sociais e em que todos parecem ser mutuamente manipulados num constante jogo de
aparências.
Ainda assim, gosto muito do estilo de escrita do autor, que
brinca gentilmente com as palavras.
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