terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Review "Nem todas as Baleias voam"

4 * em 5

Desengane-se quem pegar neste livro porque tem uma imensa curiosidade pela relação entre músicos de Jazz e a Guerra fria, porque esta foi uma inspiração para Afonso Cruz escrever-e-escrever sobre as suas personagens, para lhes dar contexto e as colocar a interagir umas com as outras, mas que não foi muito desenvolvida.
É, contudo, um livro musical. Com notas, sinfonias e acordes utilizadas para expressar relações e a ausência de palavras. Recomendo-o aos meus amigos que são apaixonados pela música, que sentem que esta dá cor à vida, que a ouvem no seu quotidiano, nas suas relações e como banda sonora da sua vida. 
É um livro de emoções fortes, de personagens sofridas, de histórias cruzadas (como já é hábito no autor). Afonso Cruz tem uma tendência para criar personagens sofridas, com perdas, desiguais de todas as outras, que têm uma ou outra característica muito marcante e falam filosoficamente.
Por fim, é um livro muito parecido em estilo com “A Boneca De Kokoschka”, com o qual partilha algumas personagens.

Do sonhador

Dado o contexto certo, também tu consegues criar. Acredita-me.
Diz o sonhador ao desiludido.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Aquilo que era o amor recíproco

Ela fechou os olhos. Tomou-lhe as mãos. Suspirou-lhe, soltando-se de si aquilo que ainda era amor.
Dentro de si, no escuro do dia, a vida sorria-lhe. Dentro de si, tudo existia, o amor recíproco também.

Ele manteve-se atento, curioso, como se deixava sempre ficar na presença de um animal raro, de uma delicadeza estranha, dela. Sorriu. Fora de si, era luz do dia. Fora de si, existiria, em fim, uma vida para além dela. Livre.