quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tremeliques

Quando num período de uma semana derrubo dois copos de café, sei que há um tremelique algures na minha vida. As mãos parecem não seguir o mesmo caminho que o da minhas mente. Era mesmo capaz de jurar que o copo não se encontrava no trajeto da minha mão. Assim como o telemóvel propositadamente falhou a beira do sofá onde o coloquei.
Estes tremeliques são uma antecipação de que outra coisa qualquer nos ocupa mais confortavelmente a mente. Esta causa sentou-se, instalou-se e desligou-nos da sensação de espaço que o nosso corpo ocupa. Será que engordei e a minha mente não tomou conta?
Fica aqui um alerta aos copos de café, sumo ou vinho da minha vida, não se intrometam no caminho dos meus membros desatentos. Estendo o mesmo também à comida que tende a cair do garfo antes de chegar à boca.

Por mim, sigo feliz, desatenta, sabendo que os meus pés me conduzem sempre para um caminho belo.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

A variação.

A maioria da agitação deriva de nós. Mexemo-nos com tanta força que o ar à nossa volta se revolta e rodopia. Por vezes cola-nos os cabelos na frente dos olhos, doutras enche os nossos pulmões de ar fresco. Também nos pode fazer tropeçar e cair. Ou trazer impurezas para os nossos olhos. Há tantas destas coisas que nos podem fazer chorar...

A nossa agitação torna-nos leves, mutáveis e resistentes. Uma árvore fustigada pelo vento sustenta melhor o peso dos anos. Inclina, mas resiste. Flexibiliza, e torna-se bom conviva.

A maior agitação deriva de nós, mas a nossa calmaria, a nossa certeza do porto seguro também chega e é nossa. Por vezes temos de navegar em mares turbulentos e outras de nos sentar a ver a chuva passar do conforto da nossa janela. Agitando e revoltando a vida. Recusando a inércia e vivendo ferozmente sabendo-nos vivos.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Nas palavras que contém algo.

Quando escrevo coloco nas palavras algo de mim.

Não sei explicar como nascem as estórias ou, como as palavras se encaixam junto de outras para dotarem de sentido as frases. Sei, que surgem rápidas e deslizantes de meus dedos, que teclam furiosamente num computador. Tentam, em vão, acompanhar o ritmo do pensamento.

E ponho algo de mim, sem dúvida. Ponho muito de mim outras tantas vezes.

Doto as palavras de vida real e palpável, mas não as derivo de mim. Quero que tenham um pouco, ou muito, de quem as lê. Que se identifiquem com elas ou se arrepiem com a sua audacidade. Nunca palavras apaziguadoras, mas palavras vossas e minhas, para que o gosto de quem escreve ou de quem lê, seja o de todos.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Coisas que nos fazem sorrir.

Há formas e cores que me fazem sorrir.
Por mais tonto que possa parecer, há coisas infalíveis para um bom sorriso.
Cansados, com dor nos olhos ou nos joelhos, ainda assim, discretamente lá se forma e nos dota de boa disposição.

Depois há as pequenas coisas que nos trazem a saudade ao peito. Os cheiros são, sem dúvida, os mais inevitáveis. Quando estamos fora, mesmo e realmente longe, local e temporalmente, do que nos é familiar, é do cheiro e da cor de tudo que sentimos a falta. Até o sol nos prenda com uma luz diferente.

O meu conselho é que sigais a vida sorrindo e aproveitando todo e qualquer esboço do que te possa fazer feliz.