sexta-feira, 11 de março de 2016

Ser feliz é...

"Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." de Fernando Pessoa

quarta-feira, 9 de março de 2016

Alma de artista

Hoje uma velha amiga, com quem não convivo há muitos anos e que já me conheceu a estudar engenharia, fez-me sorrir ao dizer:
"Continuas c alma de artista".

É bom quando os gostos, mesmo que sejam rabiscos a aguarela, sejam um facto sobre nós que transparece. Mais engraçado é ainda quando nos descobrimos nos olhos das outras pessoas. 

The show must go on

E porque por vezes tudo grita, "the show must go on".


#02 Alfredo, o pinga-amor

Alfredo é um pinga-amor que voa de flor em flor no seu voo lento e gabarolas que procura a mais suculenta de todas. Quando lhe chega o odor ao nariz de uma doce pétala, faz pontaria e aterra devagar.
É sempre um cavalheiro na sua abordagem de amor, pelo que se apresenta, explica as suas intenções fazendo uso de uma pequena canção, até porque acredita que os seus dotes musicais renderão ao seu beijo até as mais desconfiadas donzelas. E, invariavelmente tem a sua permissão para roubar à mais bela flor o seu delicado pólen para poder manter a sua posição de abelha mais produtiva da colmeia, aquela que encontra sempre néctares ímpares. 
Vivia Alfredo, a abelha de maiores asas do bando, com a confiança de um imortal, quando um dia uma dor lhe acode nas costas e lhe faz derramar todo o seu pólen sobre a relva. Tem de fazer uma aterragem de emergência na pétala mais próxima, porque o seu voo ficou descontrolado com o medo. Que dor é esta que lhe aflige até os pelos? Ao ver o seu reflexo numa pequena gota de orvalho verifica que uma ferida se abre entre as suas asas de onde sangue jorra. Abre e expande enquanto Alfredo olha e parece não se controlar. Alfredo recorda que já tinha ouvido relatos de abelhas que se enchem de autoconfiança de tal forma que o próprio corpo se desfaz de arrogância. Então relembra-se que o pólen é muito peganhoso e, pronto, lá vai a abelha esfregar-se no pólen, não contando que as asas também ficariam comprometidas neste processo…

Hoje em dia, Alfredo, já mais idoso, enverga o seu cargo de ancião de asa única, ensina composição de música a abelhas-cavalheiras mais jovens para se engalarem das flores. 

sexta-feira, 4 de março de 2016

O Bem em Cadeia

Quem melhor me conhece sabe que acredito que o bem gera bem, um sorriso resulta noutro sorrido, num ciclo sem fim que pode criar maravilhosas surpresas na vida.
Recordo aqui aquele filme mágico que vimos em crianças, Favores em cadeia (link), que nos marcou e que por vezes esquecemos...



Gosto de outros ciclos também, ou melhor, de espirais que vão crescendo e expandindo na nossa relação com os outros ou com as coisa que gostamos de fazer.
Ler mais faz-me querer ler mais e gostar mais da estória, que por sua vez me faz escrever mais que por sua vez me faz querer ler mais. E vivo alegre e contente no mundo das palavras!



quinta-feira, 3 de março de 2016

#01 de rompante

Quando chegaste foi de rompante, o teu corpo forçando a porta e substituindo-a na separação entre mim e o mundo fora dela. Trazias contigo a réstia de vida que existia. Estavas impregnado no teu perfume suave ou o meu olfacto retornou a este cheiro sem realmente o sentir.
Quando chegaste o teu corpo pareceu-me difuso, como se fosse feito de fumo, mas o teu rosto estava determinado e assustado. Foi neste rosto familiar que li que eu fora longe de mais e, que a fúria e o medo te consumiam internamente enquanto eu me consumia fisicamente.
E sorri, porque é sempre bom encontrar-te, continuas a ser o meu rosto favorito. A fala tropeçou-me na tosse e nada te pude dizer. Devia parecer-te tão tonta... Sentada impotente numa sala laranja ardente com um fio de fogo a soltar-se dos fósforos das minhas mãos caídas. Tão tonta e desamparada.
Quando chegaste, soube-me condenada à vida de loucura que se ia anunciando ultimamente no meu olhar, como me dizias, e nas minhas mãos queimadas que agora vias. Soube que não ias acreditar que só queria ver o fogo bruxulear fora da minha mente e não que todo o quarto pegasse fogo e se tornasse cinzas comigo dentro.
Quando chegaste, soube-me presa porque era esta a loucura que não toleravas: a de a mim te retirar de ti; a que o fogo que me corria dentro me queimasse o corpo e o apartasse da alma.
Pegaste em mim e tiraste-me do meu sonho, abandonando-me o corpo no primeiro hospital. “A última salvação de uma alma perdida é a do amor eterno.”
Quando chegaste, soube (ainda sei) que nunca mais te verei neste local louco onde de mãos mais atadas nunca mais atentarei.
Sei também que o fogo viverá para sempre apenas dentro de mim.