A verdade de ser mulher nesta sociedade é sê-lo o mais tarde possível. Ser completamente mulher, casada e com filhos, traz estigma e impede progressão, emigração e deslocações estrangeiras em trabalho. Assim, fingimo-nos homens, solteiros e sem grande apego à família para que ninguém tema que tenhamos que nos ausentar e colocar os que queremos tão bem em primeiro lugar. Trabalhamos as horas que forem necessários e muito nos deve agradar a comida de pouca qualidade e o ar condicionado onde nos forçam a trabalhar.
Fingimo-nos também jovens eternas, porque não adoecemos. Até porque não temos direito a baixas e, mesmo se tivermos, temos receio de não nos renovarem os sempre-eternos estágios e contratos a termos.
És pouco saudável? Não te renovo. És mãe? Não te contracto.
E assim despersonalizamos a nossa humanidade.
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